Jurassic Park, 25 anos depois!
Passado mais de duas décadas desde seu lançamento,
em 1993, como podemos ver Jurassic Park? Diante de uma atual franquia que já
conta com livros, histórias em quadrinhos, jogos e 5 longas no cinema, o espaço
que esse primeiro filme tem transcende suas demais produções e alcança o status
de clássico. Após 25 anos, é praticamente de domínio público a história daquele
parque fascinante onde os dinossauros viviam e as pessoas podiam ser
transportadas ao passado até a “pré-história”. É dele que aprendemos a ver os
dinossauros como uma força viva, fascinante; contudo, aterrorizadora.
A
proposta tanto de John Hammond, o criador do parque, quanto do diretor do
filme, Steven Spielberg, sempre foi tornar aquela experiência – tanto de
adentrando naquele mundo jurássico quanto se fascinando com a experiência
audiovisual – algo real, palpável, que se podia tocar e pousar sua imaginação
em um chão sólido. Passado muitos anos, essa incrível experiência continua
surpreendendo. A grande lição que aprendemos no filme, de respeitarmos os
dinossauros e a vida que transpõem todo tipo de barreira, alcança a própria
produção. O tempo não desgastou Jurassic Park, e como um vinho, apenas
incorporou um sabor extraordinário.
Nos
porões da minha imaginação, decidi retirar essa história e bebê-la uma vez
mais; agora com o paladar de 20 anos, não de uma criança. E a sensação é ainda
mais surpreendente. Não apenas reencontrei aquele passado onde minha imaginação
facilmente pousava no chão e tomava facilmente a forma da minha vida, como encontrei
um filme sério, dirigido com excelência, um roteiro incrível e discussões
sociais e filosóficas que continuam presentes, com uma importância absurda.
O
controle, aquele de tentar estabelecer barreiras e limites para a vida, de
organizá-la e programá-la, é uma simples ilusão. A vida é constantemente
desrespeitada em prol do entretenimento, como também da cobiça do lucro ao
invés da simples diversão e do aspecto cultural que aquela experiência
transmite. A preocupação em torna da segurança é inútil. Pois a vida é
imprevisível – como um dinossauro –, não segue padrões nem é programada, ela
evolui continuamente, é autônoma, coloca abaixo muros de contenção em um
processo que pode ser doloroso, perigoso e assustador; assim como belo,
fascinante e inusitado. Apesar de vivermos em no século XXI que cada vez mais
tem a face de uma calamidade, pode ser necessário histórias românticas e
esperançosas como essa.
Por esse motivo que
Jurassic Park não cansa de se reinventar.
Mas eu não me esqueci
do meu paladar infantil. Como todo vinho aromático e saboroso, lembranças
chegam a nós, recordando-nos de que aquela fantasia cheia de dinossauros, olhos
esbugalhados de medo, expressões maravilhadas e uma experiência que antes
parecia impossível, continua me fazendo crer que a minha imaginação é possível.
É diante do grande debate em torno do uso ético das novas tecnologias – nesse
caso, da biotecnologia e da genética – que passamos a acreditar na
possibilidade de nossos sonhos, assim como os dos personagens John Hammond,
Alan Grand, Ellie Sattler, das crianças Tim e Lex, poderem se tornar realidade,
partilhados com as nossas próprias vidas.
É pelo tom de terror
e suspense, pela trilha sonora épica e marcante de John Williams; pelo roteiro inteligente,
reflexivo e pontual de Michael Crichton e David Koepp; pelas imagens incríveis
e cenas icônicas que Spielberg traz com sua direção e produção impecáveis, que
alcançamos essa realidade antes impensável, mas que agora... é palpável! É pelo
filme Jurassic Park que os dinossauros estão constantemente presentes em nossos
imaginários, permeando nossos sonhos que se estabeleceram, agora, no limiar da
realidade.
Passados 25 anos
desde o lançamento de Jurassic Park, sempre podemos revisitar essa história que
se reinventa continuamente, possibilitando a todo mundo se embebedar, uma vez
que seja, com esse maravilhoso vinho que faz nossas dores diminuírem, nosso
fascínio pela vida aumentar e nossos sonhos voarem alto o suficiente para
alcançar o chão da realidade.
Eu sei que agora estou bem
bêbado e não pretendo ficar sóbrio tão cedo.