[RESENHA] Os Pilares da Terra - Literários

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Os Pilares da Terra de Ken Follet, escrito em 1989, teve enorme repercussão e críticas positivas ao redor do mundo, vendendo não menos de 18 milhões de cópias. Em diversos países o livro ficou no topo das vendas, sendo aclamado por milhares de leitores e encantando diversos críticos. A editora Rocco comprou os direitos do livro, traduzido por Paulo Azevedo, e oferece uma linda edição de capa dura e de bela ilustração.

Por Dentro do Livro


          Com suas 940 páginas, acho impossível alguém não gostar desse livro. Comparando de forma grosseira, Os Pilares da Terra é uma novela 10x melhorado em todos os aspectos. Mas a verdade é que é muito mais que isso. O Romance Histórico de Ken Follet se passa na Idade Média com inicio em 1123. Conhecemos logo de inicio a família de Tom, o Construtor, com sua mulher Agnes e seus filhos Alfred (de 14 anos) e Martha (mais nova). Eles sofrem desde o começo pela falta de dinheiro e emprego. A fome toma conta deles durante toda sua peregrinação em busca de um lugar que o pai da família, Tom, possa arranjar algum trabalho. Em uma de suas viagens, encontram mais dois personagens principais na trama, que é Ellen e seu filho Jack de 11 anos, que moram na floresta. E é então que tudo começa.

“Vou ser mestre construtor, como você – disse ele. – Vou construir a mais linda catedral que o mundo já viu.”
            
           Tom acaba conseguindo, por sorte e um pingo de coragem de Jack, ser empregado como Mestre Construtor da nova catedral de Kingsbridge, pois a antiga havia sido queimada e destruída. Tudo então gira em torno desse núcleo, da construção da catedral, o sonho de Tom desde que ele se conhece por gente. Em meio a isso, também passamos a conhecer mais personagens, dentre eles Aliena ( cerca de 5  anos mais velha que Jack) e seu irmão mais novo Richard. Eles eram filhos do Conde de Shiring, Bartholomew; mas esse acaba sendo delatado com conspirador e apartidário de Matilda, que estava brigando pela coroa contra Estêvão – já coroado rei –, ambos herdeiros após a morte do rei Henrique I em um naufrágio. Logo Aliena e Richard viram órfãos quando o pai morre na prisão, e se vem sem terra – pois o condado foi tomado por William Hamleigh, um jovem tirano. Aliena então, já sem esperança, acaba encontrando abrigo no priorado de Kingsbridge, sobre a liderança do jovem prior Philip, outro grande personagem na trama, que batalha o tempo todo com o bispo Waleran Bigod.

           
       

A história é rica em detalhes, intrigas, mistérios, jogos políticos e reviravoltas surpreendentes. Guerras se desenrolam o tempo todo, mas esse não é o foco. O núcleo está sempre em Kingsbridge, ou em alguns personagem (que em grande parte do tempo estão no priorado). E apesar de que a primeira vista aprece ser chato ver o mesmo lugar o tempo inteiro, na verdade não é. O jogo político e as inúmeras richas de Philip e Waleran enriquecem a históra o tempo inteiro... [Ah, e se você algum dia quer ser engenheiro, vale muito a pena ler esse livro e descobrir como era construída uma catedral naquela época. O autor sobre trabalhar muito bem isso].



“Entretanto, havia algo mais importante que tudo aquilo, pensou. O que Tom lhe dera não era nada tão comum quando alimento e abrigo. Era algo único, que nenhum outro homem tinha, que nem mesmo seu próprio pai poderia ter lhe dado; uma paixão, uma técnica, uma arte, um modo de ganhar a vida.”
Passando agora aos termos técnicos, a escrita de Ken Follet é suave e rica em vocabulário. Você provavelmente não se sentir cansado ao lê-lo. A narrativa é a mais diferente que eu conheço, o que torna-o ao incrível. Você começa a ler do ponto e vista de um dos personagens, mas quando percebe já está vendo os pensamentos de outros e suas ações. É incrível a forma que ele troca suavemente os personagens durante a história inteira, mesclando inclusive a ação de dois personagens ao mesmo tempo. Diria que ele usa um pouco do estilo POV, passando a um narrador onisciente em um piscar de olhos. No começo, admito, pareceu estranho ver esse tipo de coisa; eu me perdia às vezes na ação, mas conforme fui lendo me acostumei e achei magnífico a sua forma de construção.
            O enredo por sua vez é muito bom. Ele apresenta os principais personagens de forma sólida e bem estruturada, e não bastando mostra a evolução que cada um atinge, sendo ficando cada vez mais mal, cada vez mais irritado com as coisas; ou até perdendo as esperanças. Ken Follet caracteriza muito bem esses personagens, distinguindo cada um do outro. No entanto, um dos pontos mais interessante além das inúmeras reviravoltas, e como um personagem de 11 anos pode chegar aos seus 50 de forma surpreendente, passado pelos males da vida (e aviso, não são poucos), viajar por meia cristandade, voltar e ainda fazer o que sonha. Isso, na minha opinião é o ponto forte dele, pois a história não se desenrola em alguns anos, e sim em décadas. E o trabalho do autor para transformar cada personagem ou codiuvante sem se perder na história, é algo difícil, mas que ele soube fazer com magnificência.


História x Ficção

              Vou abrir apenas uma pequena anotação, pois sendo amante da História, tenho que confessar que muito dos acontecimentos históricos passados no livro são trabalhados bem, inclusive sobre a guerra civil que alastrou a Inglaterra na época, fazendo os anos seguintes um dos piores na vida daquelas pessoas, com fome, foras da lei descontrolados e ataques a cidades ou pequenos castelos por pura vingança. Não bastando achei incrível o trabalho por mostrar as diferentes arquiteturas da época, passando por Espanha, frança e Normandia e apresentando suas respectivos formas de catedrais de forma bastante fiel. 

No mais, vale cada centavo esse livro.


Ficha
Título: Os Pilares da Terra
Autor: Ken Follet
Editora: Rocco
Páginas: 941
Gênero: Romance Histórico
Nota:      
9,5